Se você sofresse tanto quanto eu sofro com a solidão
Se você soubesse o quanto eu preciso da solidão – Engenheiros do Hawaii
É estranho viver na era em que todas as excentricidades e idiossincrasias tem nomes assustadores e definições no CID 10 e DSM. Por um lado, as pessoas que sofrem na carne a mordida dos impulsos que se alimentam de nós falam da romantização da patologia, por outro lado as pessoas em que a paixão que os cavalga se confunde com a própria identidade seguem proclamando existência.
No fim, o grande o grande critério da doença é se sua condição te impede de ser explorado pelo capitalismo, o que varia, varia muito de trabalho para trabalho. Me pego pensando como a fobia social, que me acompanha desde a infância, não me impediu de dar aula, várias e várias vezes, mas me impede de solicitar orçamentos para empresas que nunca fecharão a venda.
Talvez, em outro emprego não estivesse afastado da sociedade, me recuperando para ser capaz de voltar à sociedade. Talvez sem o trauma de uma catástrofe climática sem precedentes, talvez… Talvez, como é a inadequação para o trabalho que define a doença, a melhor cura seja enriquecer para não precisar trabalhar. Talvez o trabalho alienado seja a única grande doença por trás de dezenas de códigos CID e Diagnósticos Estatísticos.
Talvez…
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