Alerta de blambers (jargão) e links explicando coisas.
Existe alguma polêmica entre os economistas sobre a existência do “desenvolvimento a convite”. Críticos dizem que os casos são melhor explicados pelos países explorando oportunidades por desejo próprio que pelo “convite” em si, mas talvez a grande questão seja outra: faz sentido convidar?
A explicação para os Estragos Unidos estarem dispostos às transferências tecnológicas e investimentos externos que catapultaram o desenvolvimento de Japão, Coreia do Sul e Taiwan gira em torno da geopolítica da Guerra Fria, mas e em termos puramente econômicos? O desenvolvimento desses países foi bom para os EUA? Um país que resolva convidar outros ao desenvolvimento, teria alguma vantagem? Porque talvez essa seja a grande questão a ser feita sobre o projeto Cinturão e Rota da China.
Quando pensamos no mundo como um grande mercado e os países como atores competindo nesse mercado, convidar ao desenvolvimento não faz sentido algum, porque isso apenas aumentaria a competição contra os seus produtos. Caso a Nintendo e a Sony não fossem os monstros que são, talvez a Atari ainda fosse a maior fabricante de videogames. Então, em termos econômicos, a ascensão do Japão prejudicou os EUA.
Repare que essa visão é quase um jogo de soma-zero. O mercado é um recurso finito, e os países e empresas estão competindo para ver quem consegue dominar a maior fatia dele. E isso é verdade. No curto prazo.
O desenvolvimento não acontece no curto prazo, mas ao longo de décadas e sua principal característica é o aumento do mercado consumidor, ou traduzindo, pessoas ganhando mais e comprando mais. O desenvolvimento quebra a lógica da soma-zero, porque aumenta o tamanho do mercado, onde a competição acontece. A longo prazo, o ideal seria construir novos mercados, o que exige o desenvolvimento econômico dos países que consomem pouco porque não tem recursos. O que diz que o esforço de chutar a escada do desenvolvimento é contraproducente em uma escala de tempo suficientemente longa.
Daí, a gente se pergunta porque os EUA não convidaram o mundo todo ao desenvolvimento. Cegueira ideológica? Puritanismo? Burrice?
Não. A resposta certa é Imperialismo.
O desenvolvimento dos países de centro se baseia na transferência de valor da periferia para o centro através do mercado internacional, porque os termos de troca são desiguais. O trabalho, a mercadoria mais importante do mundo, tem um valor muito diferente em diferentes partes do mundo. Por exemplo, um trabalhador queniano pode receber menos de um terço do salário mínimo dos EUA para treinar IAs. Produtos vendidos no mercado estragunidense, mas fabricados com insumos de baixo custo do Quênia, como IAs, são uma fonte de lucro maior que o possível mercado queniano mais desenvolvido.
Mas por que a China está fazendo isso, então?
Porque a produção de riqueza da China não depende dos termos de troca desiguais. Na verdade, a China também é explorada no sistema imperialista, oferecendo insumos baratos para os países do centro, mesmo que seus preços sejam um pouco mais altos que os da maior parte da periferia global, como podemos ver com o boom das commodities. Para a China aumentar seu mercado consumidor vale à pena porque sua riqueza vem principalmente do comércio internacional, e não da exploração da troca desigual no mercado.
StellaFlores
Excelente análise!
Mas divago...
Obrigado. Que bom que gostou =]