O Brasil tem um problema sério de evasão do ensino superior. No ensino público, isso quer dizer que estamos desperdiçando recursos, já que mantemos estrutura para formar quase o dobro do que formamos atualmente. Mas no setor privado, onde estão a maioria dos estudantes, isso quer dizer que pessoas pagam mensalidades por anos, sem conseguir o diploma.


Lembrando que 88% das novas matrículas em 2024 foram em instituições privadas, 74% delas em instituições com fins lucrativos. Dos 3.714.273 pessoas que se matricularam em faculdades privadas com fins lucrativos em 2024, podemos esperar que mais de dois milhões e meio vão transferir sua renda para os empresários da educação sem conseguir retorno disso. É praticamente um estelionato.

O golpe funciona, porque o diploma tem muito valor. Em média, quem consegue se formar tem uma renda 243% maior que quem tem ensino médio. Essa situação mostra um modelo predatório. Os brasileiros, ansiosos por uma vida digna, se esforçam para fazer cursos superiores, porque o prêmio é ganhar praticamente duas vezes e meia mais. Mas caem no esquema das faculdades privadas, que vendem o sonho, mas não entregam.
O nível de desistência do ensino superior, num geral, mostra que temos uma sociedade que não oferece condições para que as pessoas se dediquem aos estudos, o que é grave e precisa ser corrigido. Mas no ensino privado vemos um modelo de negócios predatório, um setor que atende apenas aos acionistas e não entrega para a sociedade o que a sociedade paga para ele.
É preciso proteger a sociedade do ensino privado. Regular esse setor, reduzir sua expansão, se possível proibir a educação com fins lucrativos.

TH
E o pior de tudo é que as pessoas investem numa faculdade privada, se endividam e no fim descobre que o prêmio nem sempre vem.
Mas divago...
Isso é muito difícil. Infelizmente, o prêmio muitas vezes depende de pertencer aos círculos sociais certos.