Por que estamos subsidiando os empresários de ônibus?

A discussão sobre transporte coletivo e seus custos, vira a mexe cai nessa afirmação, que é verdadeira:

Em todas as grandes cidades do mundo o transporte coletivo tem subsídio. A discussão não é se tem subsídio, mas quanto de subsídio.

Podemos debater à vontade as causas dessa necessidade. Aumento dos custos de combustíveis, renda baixa da população usuária, concorrência com outros modais… mas isso não muda o fato de que a afirmação é verdadeira. Hoje, o transporte coletivo nas grandes cidades é um negócio insustentável economicamente, que depende de auxílio dos contribuintes para se manter.

Mas essa constatação nos leva à questão que ninguém faz: para que serve o empresário nesse ramo?

Veja, eu sou comunista e, por mim, não haveria nem sequer empresários, mas entendo perfeitamente que nas condições atuais esse é um sonho muito distante. Mas mesmo dentro das premissas do capitalismo, qual a vantagem de ter empresas privadas operando, e lucrando, em um ramo onde o equilíbrio de preço, oferta e demanda é impossível e é necessário subsídio estatal em todas as grandes cidades do mundo?

O transporte público é um monopólio natural, o que já conta pontos para a sua estatização, é um serviço essencial, o que obriga que ele exista, mesmo que não seja um negócio viável, e não tem viabilidade econômica, o que nos leva a ter que admitir que o máximo de privatização que pode ser aceita no modelo é algo nos moldes das Organizações Sociais, as OSs.

Afinal, nesse caso, qual a função do empresário, além de ter seu lucro sustentado por subsídio público? Qual o benefício social de ser uma empresa com fins lucrativos que executa um serviço sem viabilidade econômica?

A única conclusão possível é que o transporte público realizado por empresas privadas em cidades com subsídio é pouco mais que uma boquinha, uma ferramenta de desviar recursos públicos para os bolsos de uns poucos privilegiados amigos do rei.